A seventeen-year-old.

escrito, reescrito mil vezes e enfim publicado por Yolanda



Jogou o lenço na cesta. O saco plástico estalou, e estalou durante toda aquela noite, junto aos acordes de seus fones de ouvido. Deitada no travesseiro, soltou mais uma lágrima - não porque quisesse, no entanto. O rímel tirou a cor de suas bochechas, manchou a estampa da fronha. Não sabia onde estava, mas havia - havia, ela sabia que havia - um par olhos brilhantes a vigiando lá de cima, o que aliviava um pouco sua sensação de culpa (ou o que quer que estivesse sentindo no momento). Também tinha uma pelúcia quente para abraçar e o gosto doce do leite com chocolate na língua. E o cheiro, o delicioso cheiro azedo de sua pomada para cortes e pancadas. Podia sentir a mão lisa de mamãe a espalhá-la, carinhosa.


Jogou a garrafa na cesta. O saco plástico estalou, e estalou durante toda aquela noite, junto aos acordes de seus fones de ouvido. Deitada no chão, soltou mais uma lágrima - não porque quisesse, no entanto. O rímel coloriu suas bochechas, manchou os pêlos do tapete. Estava num quarto estranho, mas havia - havia, ela sabia que havia - um pôster de uma banda que conhecia a encarando lá de cima, o que aliviava um pouco sua sensação de estupidez (ou o que quer que estivesse sentindo no momento). Também tinha sua bolsa para abraçar e o gosto de cerveja barata na língua. E o cheiro, o delicioso cheiro azedo de seu sangue. Podia sentir a mão de um homem a espalhá-lo, suada.

Os acordes permaneceram inabaláveis.


.