escrito, reescrito mil vezes e enfim publicado por
Yolanda
Agora estou no http://mangassemmangas.tumblr.com/ :)
escrito, reescrito mil vezes e enfim publicado por
Yolanda
Sometimes I
catch myself
fearing the unknown
It makes me feel like I’m wasting
everything I’ve grown
But when I
think about it
And I face my fears
I realize it is nothing
I haven’t seen in the past years
I’ve seen it before
The fear of rejection
When the kids of my school
Made fun of my passion
I’ve seen
it once
The fear of death
It was in the hospital
Grandpa took his last breath
I’ve seen it in books
The fear of failure
When the victim thought
He couldn't make into a savior
I’ve seen it in
nightmares
The fear of solitude
I was telling that I loved you
But I felt my lips glued
And then I think:
Are those real fears?
I’ve seen them all before
I’ve already cried my tears
In life or
in fantasy
Yes, I’ve seen all of you
That’s when I realize
There’s nothing in this world I can not get through
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Yolanda
I break through adulthood
With the same insecurities I had as a teen
It makes me wonder
If there is really any difference in between
My parents expect me to get a job
And to learn to drive my own car
While I stand here still believing
In wishing upon shooting stars
They think I’ll be a perfect lawyer
Or maybe a good scientist
While the thing I most love
Is writing about people that don’t even exist
All the expectations they had
I took them to myself
But now I can’t even get them
Out of my dreams shelf
Job sucks as school did
And as my current life does
All the songs I used to whistle
Turned into an irritating buzz
I wish I had someone to blame
Or even someone to sue
I wish I’d point the finger at my mom
Like Freud taught me to do
But there's no time left to do that
And there's no time left to restart
Now I realize my rhymes are as poor
As my unbeatting cold heart
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Yolanda
Eles pediram para eu escrever aqui nesse caderno. Eles, os homens de jaleco branco. É assim que eu os chamo, apesar da mamãe ter dito que eles são anjos; disse que eles vão me ajudar a voar até o céu. Foi no mesmo dia em que meu cabelo começou a cair. Eu chorei, mas a mamãe disse que é para que as minhas asas nasçam e eu possa voar. Elas ainda não nasceram. É por isso que eu odeio esse lugar.
A única coisa que eu gosto daqui é a Ana. Ela é melhor que a mamãe, porque a mamãe só me visita uma vez por mês, e a Ana me visita toda noite. Diz que entra pelo vento, pelas frestas da janela. E eu acredito na Ana. A gente brinca, a gente conversa, a gente faz tudo junto. Ontem a gente desenhou um monte de coisas nas paredes. Eu desenhei minha mamãe; ela desenhou um menino e uma menina se beijando. Pensei que fossem os papais dela, mas a Ana disse que éramos nós, juntos, depois que eu saísse daqui. Eu até achei meio engraçado, porque o boneco tinha cabelo e eu não tenho. Mas a Ana, ela sim, tem cabelo: é castanho, comprido e encaracolado. Ela disse que é porque as asas dela já nasceram – por isso ela não precisa morar no hospital que nem eu. Então eu chorei, porque já faz anos que eu estou aqui e as minhas asas não crescem, e a única coisa que eu quero é poder voar como a Ana. Mas ela disse que eu não preciso me preocupar, que elas virão um dia. E aí ela me beijou. Que nem no desenho.
Hoje de manhã os homens de jaleco branco vieram aqui. Olharam para os desenhos com caras fechadas, saíram; logo voltaram com outro homem de jaleco branco. Eu o conheço: é o homem das perguntas. Às vezes ele aparece no meu quarto e começa a me perguntar um monte de coisas estranhas, e é por isso que odeio o homem das perguntas. Mas hoje ele foi muito bonzinho comigo: me deu este caderno, disse que era um presente. Também disse que era para que eu escrevesse ou desenhasse nele tudo o que eu sentisse. É isso o que eu estou fazendo agora. É legal.
Ah, a Ana chegou. Ela adorou o caderno, as folhas coloridas e tudo mais. Ela só não gostou do que está escrito nas primeiras páginas. Disse que saber que eu estou triste a deixa triste; mas, que se eu quero tanto assim voar como ela, eu não preciso esperar minhas asas, que ela tem uma idéia melhor. Aí ela arrancou uma página e fez um avião. Pediu para que eu subisse nele. Eu a convidei para vir junto – respondeu que não, que iria na frente para me guiar. Então ela pulou pela janela.
Eu estou com muito medo da altura, do asfalto lá embaixo, do vento; mas agora tenho que pular. E eu acredito na Ana!
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Yolanda
Jogou o lenço na cesta. O saco plástico estalou, e estalou durante toda aquela noite, junto aos acordes de seus fones de ouvido. Deitada no travesseiro, soltou mais uma lágrima - não porque quisesse, no entanto. O rímel tirou a cor de suas bochechas, manchou a estampa da fronha. Não sabia onde estava, mas havia - havia, ela sabia que havia - um par olhos brilhantes a vigiando lá de cima, o que aliviava um pouco sua sensação de culpa (ou o que quer que estivesse sentindo no momento). Também tinha uma pelúcia quente para abraçar e o gosto doce do leite com chocolate na língua. E o cheiro, o delicioso cheiro azedo de sua pomada para cortes e pancadas. Podia sentir a mão lisa de mamãe a espalhá-la, carinhosa.
Jogou a garrafa na cesta. O saco plástico estalou, e estalou durante toda aquela noite, junto aos acordes de seus fones de ouvido. Deitada no chão, soltou mais uma lágrima - não porque quisesse, no entanto. O rímel coloriu suas bochechas, manchou os pêlos do tapete. Estava num quarto estranho, mas havia - havia, ela sabia que havia - um pôster de uma banda que conhecia a encarando lá de cima, o que aliviava um pouco sua sensação de estupidez (ou o que quer que estivesse sentindo no momento). Também tinha sua bolsa para abraçar e o gosto de cerveja barata na língua. E o cheiro, o delicioso cheiro azedo de seu sangue. Podia sentir a mão de um homem a espalhá-lo, suada.
Os acordes permaneceram inabaláveis.
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